Escrevo aqui hoje, para falar de dois dos meus temas preferidos : órgãos de comunicação social e tribunais. Neste caso em concreto, tenho também, que falar de gatos. Parece estranho? Continuem a ler, e estas primeiras frases vão parecer parte da rotina, de uma normalidade tão absoluta que nem merecerão comentários.
Hoje, vendo o telejornal da SIC dei por mim a assistir (ao fim de 55 minutos de telejornal) a uma peça de 5 minutos sobre a gata Maria. Ao contrário do que é hábito em noticias sobre gatos, a gata Maria não sabe bater palmas, não brilha no escuro, nem sequer deu a luz 101 gatinhos. A gata Maria é o motivo central de um processo que decorre num tribunal em Lisboa...
Conto a historia de forma rápida : Um homem empregado em Carnaxide, apaixonado por animais, viu uma gata abandonada no seu local de trabalho, acabou por leva-la para casa. Neste momento reparou que a gata parecia doente, levou-a ao veterinário que durante a consulta lhe encontrou um chip com o nome e o contacto telefónico da dona do dito bicho. Contactou a dona do animal, impondo como condição para devolver o animal, guarda-lo até que este estivesse curado. A dona ofendeu-se e pôs um processo em tribunal ,contra o casal que tinha adoptado a Maria, por furto simples.
O Ministério publico deu razão à queixosa e acusou o casal de furto simples. Hoje deu-se a primeira sessão do julgamento ( ou tentativa dele, visto não ter vindo a acontecer devido a um erro no sistema informático) que ocupou pelo menos um juiz, um delegado do ministério público e um oficial de justiça. Todos os citados recebem um ordenado ( pago pelos impostos dos cidadãos ) para estarem num julgamento sobre um gato, pelo que consta furtado, que na realidade nem veio a acontecer.
Como tudo o que já escrevi me parece um símbolo absoluto de normalidade quero partilhar apenas mais dois factos que faziam parte da noticia. Primeiro, a jornalista quando enumerava a lista de pessoas que tinham perdido a tarde por causa do adiamento do julgamento falava também de "um grupo de jornalistas". Extraordinário! Perderam a tarde ? Pois perderam, não por não se ter realizado o julgamento, mas sim por terem cometido o erro de pensar que aquele caso seria motivo de noticia.
Em segundo lugar, acho também importante dizer que o gato (sim, o motivo de toda esta discórdia) se encontra desaparecido há bastante tempo.
Fico na duvida se não deveriam ser criados instrumentos para que estes casos não entupam o sistema judicial (já entupido com casos, verdadeiramente, importantes), e também se as televisões não deviam pensar em reduzir o tempo de telejornal evitando que haja jornalistas a perder tardes com casos como o da Gata Maria...
quarta-feira, 29 de abril de 2009
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Realmente hoje em dia a seriedade dos nossos jornalistas deixa muito que desejar... como é que é possível que só tenham dado 5 minutos a esta peça? Isto claramente merece uma reportagem especial de hora e meia que passe em horário nobre.
ResponderEliminarPS: Maria se leres isto , volta pa casa , Portugal quer-te conhecer
A Maria deve ser fascinante, só pode. Mais do que a seriedade dos jornalistas, o problema é o tempo que estes têm que ocupar. Não se justifica, neste país tão pequeno, que os telejornais tenham uma hora e meia...
ResponderEliminarMais ridiculo aínda é este drama(não encontro uma palavra que melhor define esta situação ) ser tratado em tribunal, com o meu (como quem diz nosso) dinheiro...
Pois, era exatemnete esse o comentário que eu ia fazer...ridiculo...
ResponderEliminarSe fizessem uma entrevista a relatar os motivos que levam a que esta peça jornalistica é ridicula, se calhar teriam mais que 5min de filme para ocupar o telejornal...