A crise veio para ficar, e isso não quer dizer que se ficarmos fechados em casa com uma dispensa cheia de mantimentos ela vai passar mais rápido. Já é altura de isso se tornar claro para todos. Há na verdade um culpado na crise, e tem sido altamente criticado, Wall street foi a principal culpada deste desastre económico que tem gerado desespero e miséria pelo mundo, mas a verdade é que é altura de deixarmos de fazer metáforas e de culpar, literalmente, uma rua em Nova Iorque.
Temos de ter consciência que foram homens, que foi um inteiro regime económico e um descontrolo total por parte de bancos e companhias de seguros que gerou esta crise, que criaram a frustração que hoje se vive. Há famílias que perderam as suas casa, milhões de pessoas que perderam o seu emprego e o seu sustento, que perderam uma maneira digna de viver, e que procuram furiosamente um culpado e uma maneira de pagar as contas no fim do mês.
Enquanto lia o Los Angeles Times online, vi um anúncio da marca de automóveis Hyundai, referente a stands na Califórnia, em que, ao comprar um carro o stand oferece algumas garantias ao comprador. Em caso de empréstimo o comprador, caso perca 40 por cento, ou mais, do seu rendimento de um mês para o outro pode não pagar a prestação do carro até 3 meses para se conseguir por de novo de “pé”, caso consiga, então a marca japonesa esquece o assunto e a prestação continua, caso não consiga tudo o que tem de fazer é devolver o carro ao stand, sem mais complicações ou dívidas.
Ora este não é o capitalismo que nós conhecemos, o capitalismo que nós conhecemos estimula-nos a pedir créditos sobre créditos à marca de automoveis para pagar as prestações e depois de termos pago o carro cinco vezes, só em juros, somos obrigados a devolvê-lo ao stand porque a três meses do fim do contrato deixaram de nos oferecer o crédito e nos pensamos que, se já temos duas úlceras no estômago, é altura de deixar de pagar o carro e passar a fazer mais do que uma refeição por semana.
O novo capitalismo castrado não nos vai fazer recuperar da crise económica enquanto o verdadeiro capitalismo fugiu com medo e vergonha.
Mas a verdade é que a campanha da Hyundai é uma forma interessante de estimular a compra, e até podemos encarar como forma da própria marca pedir desculpa pelo sucedido, eles sabem que estão envolvidos no capitalismo e que a crise afectou praticamente todos, isto é uma forma de se redimir. Esta proposta parece a melhor forma de comprar um carro actualmente, deveremos aceitar o perdão da economia? Como é que estamos sempre a desculpá-la?
No outro dia estava a andar na rua e vi um cartaz, “quatro iogurtes por 49 cêntimos”. Ou seja, uma mãe pode dar um lanche a um filho por menos de um euro. Um hambúrguer numa cadeia de fast food custa hoje um euro, e portanto um mendigo pode actualmente garantir a sua alimentação durante os seus tempos de crise por cerca de quatro euros por dia. Parece-me que é por estas razões que desculpamos o capitalismo, que sem querer ganha vertentes sociais.
Agora precisamos de esquecer o que se passou e voltar a lutar por uma economia forte e segura, portanto, volta capitalismo, estás perdoado.
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Sabendo que temos poucas alternativas ao capitalismo, e que de todas as opções o capitalismo é a menos má, então temos que optar por ele,não importa muito o nosso perdão...
ResponderEliminarNo entanto concordo contigo que não é a comprar 20000 enlatados e andar a poupar cada totao que saimos da crise...
A Hunday, como a maioria das marcas tem os seus consultores financeiros, e enquanto as outras marcas,ou são fornecedoras de productos só disponiveis a classe alta,ou acessiveis a todos em grande escala, e entao safam-se,ou então vão esperando que a crise passe enquanto se afundam. Já os consultores da Hunday estimulam a compra, que será,julgo eu, o que nos restirará da crise...Retirando-nos da crise, o poder de compra aumenta de novo,mais consumo,mais produtos,mais emprego,vá,o circulo vicioso que nós conhecemos,até a bolha rebentar de novo...Só não percebo é porque é que não há mais marcas a fazer o mesmo que a Hunday?!Ganham para si, porque passam a ter mais gente a comprar carros mesmo em tempo de crise, e ajudam a economia, pois se a sua produção não parar há muitos postos de trabalho que se mantêm etc...
PS: Adoro o titulo...:P
Francisco, as marcas de automoveis europeias e americanas não fazem isto por um motivo (bastante simples,até): porque não podem!
ResponderEliminarComo sabemos,o sector automovel é um dos sectores mais afectados pela crise financeira. Não me parece que aumentem o consumo de forma a compensar o risco desta medida "social"... Os carro asiaticos, por serem um segmento mais baixo de mercado, diminuem o risco ( ou o valor dele, pelo menos).
Na minha opinião, esta crise é uma lição para todos os que defendiam a politica de "casino" de wall street... Agora, tal como já aqui foi dito, temos que voltar a rotina, continuar a consumir, para que a retoma economica chegue mais cedo.
Mas, numa coisa, não posso concordar com vocês: O capitalismo não pode voltar a ser o "capitalismo selvagem" em que viviamos, principalmente ao nivel dos mercados financeiros. Temos que aumentar o controlo, a fiscalização e legislar de forma a evitar que haja quem fique sem nada com a falencia de bancos e seguradoras.
Reformulemos, controlemos, inovemos, mas com o devido cuidado para evitar caír em situações em que a democracia é posta em causa e a iniciativa privada é estrangulada pelo "Estadão". Criemos assim um capitalismo liberal,mas evitando os abusos que nos trouxeram a esta crise
Nesta discussão uma coisa é ponto assente , o Capitalismo é o melhor sistema económico que podemos ter. No entanto e tal como o Pedro disse " O capitalismo não pode voltar a ser o capitalismo selvagem em que viviamos". Eu penso que a ideia da Hyundai é muito bem pensada e acho bem ser feita , mas não fico ressentido se outras empresas não seguirem o exemplo , até porque quem tem uma empresa tem uma empresa para gerar lucros e não para ser bonzinho , nem para ajudar ninguém ; e apartir do momento em que vemos os nossos lucros a baixar das duas uma: ou continuamos a empresa com ou sem estas políticas sociais ; ou simplesmente abandonamos as empresas criando mais desemprego e mais revoltas no cidadao comum.
ResponderEliminarAgora claramente esta segunda opção não é eticamente a mais correcta , mas como já disse ninguém é obrigado a manter o emprego de ninguém e precisamente por isto eu não consigo prever o futuro desta crise.
O António lança aqui uma questão importante : a ética. Foi precisamente isto que tem faltado ao gestores que criaram esta crise. Temos que passar a encarar a economia de forma sustentável a longo prazo e não o lucro rápido que leva ao "rebentar da bolha".
ResponderEliminarEu também acho que a medida da Hyunday é boa, a unica coisa que estava a dizer, é que nem todas as marcas podem por em prática medidas como esta.
Ninguém vê a mentalidade por detrás dos factos, por isso é que, "fatalmente", caímos, vezes sem conta, numa outra crise ( o "outra" é propositado).
ResponderEliminarToda a vida é:
. Acção/Reacção
. Causa/Efeito
Quando, um dia, certas pessoas perceberem isto, talvez aí haja esperança.
Até lá, vamos lidando com esta hidra à "nossa maneira".
Hitman