quarta-feira, 29 de abril de 2009
A gata Maria
Hoje, vendo o telejornal da SIC dei por mim a assistir (ao fim de 55 minutos de telejornal) a uma peça de 5 minutos sobre a gata Maria. Ao contrário do que é hábito em noticias sobre gatos, a gata Maria não sabe bater palmas, não brilha no escuro, nem sequer deu a luz 101 gatinhos. A gata Maria é o motivo central de um processo que decorre num tribunal em Lisboa...
Conto a historia de forma rápida : Um homem empregado em Carnaxide, apaixonado por animais, viu uma gata abandonada no seu local de trabalho, acabou por leva-la para casa. Neste momento reparou que a gata parecia doente, levou-a ao veterinário que durante a consulta lhe encontrou um chip com o nome e o contacto telefónico da dona do dito bicho. Contactou a dona do animal, impondo como condição para devolver o animal, guarda-lo até que este estivesse curado. A dona ofendeu-se e pôs um processo em tribunal ,contra o casal que tinha adoptado a Maria, por furto simples.
O Ministério publico deu razão à queixosa e acusou o casal de furto simples. Hoje deu-se a primeira sessão do julgamento ( ou tentativa dele, visto não ter vindo a acontecer devido a um erro no sistema informático) que ocupou pelo menos um juiz, um delegado do ministério público e um oficial de justiça. Todos os citados recebem um ordenado ( pago pelos impostos dos cidadãos ) para estarem num julgamento sobre um gato, pelo que consta furtado, que na realidade nem veio a acontecer.
Como tudo o que já escrevi me parece um símbolo absoluto de normalidade quero partilhar apenas mais dois factos que faziam parte da noticia. Primeiro, a jornalista quando enumerava a lista de pessoas que tinham perdido a tarde por causa do adiamento do julgamento falava também de "um grupo de jornalistas". Extraordinário! Perderam a tarde ? Pois perderam, não por não se ter realizado o julgamento, mas sim por terem cometido o erro de pensar que aquele caso seria motivo de noticia.
Em segundo lugar, acho também importante dizer que o gato (sim, o motivo de toda esta discórdia) se encontra desaparecido há bastante tempo.
Fico na duvida se não deveriam ser criados instrumentos para que estes casos não entupam o sistema judicial (já entupido com casos, verdadeiramente, importantes), e também se as televisões não deviam pensar em reduzir o tempo de telejornal evitando que haja jornalistas a perder tardes com casos como o da Gata Maria...
terça-feira, 28 de abril de 2009
Europeias
É neste momento que somos forçados a olhar para os nossos candidatos, apercebemo-nos então dos verdadeiros motivos da abstenção portuguesa. Como o próprio artigo dizia: " Escolha entre Miguel Portas (bocejo), Ilda Figueiredo (duplo bocejo), Laurinda Alves (triplo bocejo, seguido de duplo bocejo), Nuno Melo (riso contido), Paulo Rangel (riso nervoso), e Vital Moreira (suspiro)" (in Sábado, 23 de Abril).
Vamos tomar o exemplo do partido "favorito", já que assim o é, deveria apresentar um bom candidato. É impossível não reparar que diz coisas brilhantes como, que, desde o início do governo de Sócrates os impostos desceram em Portugal. É um político ex-comunista, regime que por norma se define pelo isolamento económico, e agora defende e candidata-se à política europeia (grande vira-casacas).
Pronto, pronto... Talvez não sejam todos assim...
Vejamos antes o segundo partido na corrida, cujo cabeça de lista é Paulo Rangel, esperem, não e esse o partido cuja presidente disse que Portugal necessitava de uns mesinhos de ditadura (lá está de novo esta grande contradição, ditadura, politica europeia, ditadura, Europa...hum)? Só para meter tudo nos trincos, enquanto se torturava, prendia, oprimia e censurava, mas só até tudo ficar certinho...E acerca do mesmo candidato, o mesmo artigo supra-citado diz: "Paulo Rangel não se está a tornar conhecido por gafes como esta [uma das várias de Vital Moreira], o que parece uma coisa boa até percebermos que a verdade é que não está a tornar-se conhecido, ponto." O que se vem a confirmar com uma simples pesquisa no Google (aparecem mais noticias sobre o seu homónimo actor brasileiro, que sobre este nosso caro politico).
Assim sendo, sabendo que estes são os partidos favoritos, apercebermo-nos o porquê da elevada abstenção. No entanto incentivo-vos a pesquisarem os outros candidatos com igual afinco, já que merecem tanto lugar ao sol como estes. (Pessoalmente penso que esta tarefa deveria recair sobre os ombros do A.M. pela experiencia que tive da critica dele aos políticos. já que eu não posso fazer mais porque os textos longos induzem sensações de enfado aos bloggers)
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Poderes
Primeiramente, pergunto-me em que medida a Ordem dos Notários procura atingir os seus fins através deste "trabalho"
Defende os interesses dos notários ? Não me parece!
Angaria fundos ? (sinceramente) Espero que não!
O motivo dado, oficialmente, pela Ordem é notável: limitaram-se a aceder a um pedido de um jornalista, decidiram colaborar...
O interesse da informação também me parece discutível. Parece-me que todos concordamos que as noticias de jornal, principalmente quando violam a privacidade de alguém, têm que ter um interesse social.
Em que medida as comprar de imóveis de José Socrates e a sua família interessa á sociedade ? Pouco, a "cusquice" sobre os políticos é conversa de café, que não me parece cumprir o critério do interesse publico...
Ou queria informações para passar ao ministério publico? Apesar de ser um nobre objectivo, não me parece que seja a função do jornalista (e não me parece que tenha encomendado o "serviço" por isto, tenho até quase a certeza)
Portanto, estamos perante um caso de invasão da privacidade por parte do jornalista que encomendou o "estudo" a esse órgão isento que é a Ordem do Notários. Quanto á Ordem dos Notários parece-me, que além de destruir a sua imagem de isenção, devassa (sem motivo) a vida privada do Primeiro-ministro. Apesar de falarmos de documentos públicos uma busca exaustiva como esta parece-me quase perseguição (a um homem que até prova em contrario é inocente de qualquer crime)
Termino, dirigindo-me a todos aqueles que passam os dias com a conversa de que vivemos num país onde nada acontece aos banqueiros, aos dirigentes de futebol e aos políticos, perguntando a estes: parece-vos que acontecerá alguma coisa aos notários ou aos jornalistas ?
Se calhar tudo isto são suposições idiotas, e todo este "esforço" comum a jornalistas e notários tem um motivo lógico e moral...
quarta-feira, 15 de abril de 2009
~Educaçao = Pobreza?
Eu já o ouvi várias vezes, mas hoje, quando consultei algumas noticias recentes fiquei assombrado pelos números que vi. Numa população de 10 000 000 de pessoas, 2 000 000 das mesmas estão abaixo do nivél de pobreza, ou seja, um quinto da nossa populção é pobre. Pior ainda, 15% deste valor são menores.
Retirei estas informações de um estudo publicado no DN, o qual afirmava tambem que 40% dos individuos com mais de 14 sem percurso escolar era pobre. Isto levou o autor deste estudo a concluir que "existem elevados níveis de retorno da educação no mercado de trabalho em Portugal".
Quando existem valores tao altos de pobreza entre os jovens, quando mais e mais os jovens estão informados para o que os espera no mercado de trabalho, a competitividade que exite neste, a necessidade de educação ao nivel universitário, eu tenho que me perguntar: Entao qual o porquê de tantos jovens nao almejarem estes objectivos,este tipo de ensino? O porque continuar a existir tantos jovens que por causa da falta de educaçao continuam pobres?(como revela o estudo)
Será que o estado nao apoia o suficiente o ensino? Será que nos defrontamos de novo com a fraquesa da "geração nao-pensante" ja discutida anteriormente? Ou mesmo ambas?
terça-feira, 14 de abril de 2009
domingo, 12 de abril de 2009
Here we Bo!

Bo, o cão de água português da família Obama, já chegou à Casa Branca.
Finalmente alguém que todos nós, jovens portugueses podemos admirar, alguém que está cada vez mais bem posicionado na vida e o merece. Um português que se destaca e que tem dado que falar em todo o mundo. Um politico de quatro patas que chegou mais longe que qualquer outro em Portugal. Agora fora de piadas já elaboradas e ouvidas em todo o sitio, desde o café da esquina de nossa casa até ao último taxi em que andamos, Bo é na verdade estranhamente respeitado na imprensa, levado tão a sério como Hillary Clinton ou o presidente francês Nicolas Sarkozy, certamente os “jornalistas” não devem ainda ter compreendido que estão a falar de um cão.
“Uma fonte que estava presente na altura disse que o animal (Bo) encantou a família Obama: sentou-se quando as crianças se sentaram; levantou-se quando estas se levantaram. Mais. Não cometeu erros "higiénicos" e não arranhou a mobília.”
Algures no mundo neste preciso momento estão uma mãe, uns professores de comunicação social e um jornalista muito orgulhosos por este excerto de uma peça jornalística que pode ser lida no site do Público.
A verdade é que o jornalismo não poderá ficar indiferente a este assunto, não deve aliás ficar indiferente a qualquer assunto oficial da Casa Branca, mas não tem certamente de o exibir na primeira página só porque a notícia vem da terra do Tio Sam, muito pelo contrario. Mas este assunto tem sido abordado por milhares de jornalistas em todo o mundo, todos falam com o maior respeito do novo português em território americano e não se percebe porquê. O presidente Obama não vai ficar chateado se falarem mal do cão dele, se nem o mencionarem no noticiário das 8. Até podem insultar o raio do cão que ele pouco vai querer saber. O que se passa com o jornalismo? Será que alguém poderá ver esta notícia como algo crucial?
Não haverá pelo menos 534 678 notícias mais interessantes e mais merecedoras de um enorme espaço no site oficial do público que esta? Se não há, não deveria haver?
MBM
sábado, 11 de abril de 2009
Não será pouco...
Lendo esta noticia, para além do óbvio nojo que qualquer um sente, sinto também uma necessidade de pensar se 22 anos de prisão não será pouco, para alguém que violou as duas filhas 3600 vezes ( segundo o jornal ), durante uma década, sem sentir qualquer remorso por isso, absolutamente indiferente ás dores das crianças, que para agravar a situação eram suas filhas. Penso também como é possível que a mãe das crianças não seja julgada por cumplicidade nos crimes cometidos pelo marido, apesar de ter admitido ter surpreendido o marido a violar a filha mais velha ("uma única vez" segundo a própria) e nada ter feito.
Este é um daqueles casos que nos faz pensar se o limite máximo de numero de anos de prisão não deveria ser revisto. Na minha opinião, deve ser aumentado. Sou contra a pena de morte, acho que a hipótese de erro irremediável não é compatível com o Estado de Direito, entendo também que a passagem de 25 anos de pena máxima para prisão perpetua é demasiado brusca, assim parece-me que uma mudança de 25 para 40 anos seria uma mudança (apesar do aumento de custos que isto implicaria para o Estado) justa, e que permitiria punir de forma mais adequada certo tipo de crimes.
No entanto, este caso refere-se a um tipo especial de crime, considerado especialmente hediondo pela sociedade : o crime sexual. Uma solução adoptada já por vários países para este tipo de crimes é a castração química do violador, solução que me parece tornar qualquer violador inofensivo para a sociedade, e que por isso é uma solução que devia ser estudada para estes casos.
Estas reformas no Código Penal seriam também importantes para acabar com o sentimento de impunidade que se vive na nossa sociedade, acabar com o "é condenado a 10 anos (só 10 anos) e vai cumprir no máximo 5", mas principalmente seria importante para criar uma sociedade mais justa e mais segura.
Existir
Desengane-se quem achar que os jovens não devem ter um papel fundamental na nossa sociedade, desengane-se quem achar que a maior parte dos jovens querem esse papel.
Todos pensam que nos conhecem, a nós, aos jovens. Marcas, carros, gajas, álcool, festas e outras futilidades que não valem a pena serem escritas. Esta não é a nossa essência, nem é um terço daquilo que nos ocupa a cabeça, todos pensamos, nem que seja egoistamente em nós próprios, todos temos ambições e certamente, já tão novos, todos temos desilusões, desgostos e tristezas. Não é fácil criar valores nesta sociedade, não é fácil crescer neste meio contudo temos de acreditar em cada um de nós, e em nós todos.
Uns sabem-no, uns ignoram-no, por enquanto, uns esquecem-no, uns perdem-no, mas eventualmente todos temos de perceber que há poucas coisas na vida que fazem sentido e ainda menos são aquelas que tem verdadeiro valor, mas uma das mais importantes é, sem qualquer dúvida, fazer do sítio onde estamos, um lugar melhor e fazer tudo para que as pessoas que nos rodeiam possam ser felizes e ter as mesmas hipóteses que nós. Compaixão, é uma palavra que pode demorar a compreender e, sinceramente nem gosto da palavra em si, mas a compaixão é uma das principais razões para a existência da raça humana, para a existência de todos nós. Puderemos ser acusados de muita coisa, e somos jovens, vamos errar, mas enquanto a falta de compaixão não for uma delas, estamos no bom caminho.
Bem Vindos ao Blog.
MBM
"Vencidos da vida"
Penso que a minha contribuição para o blog vai ser positiva na medida em que cada um de nós (os autores do Blog) tem qualidades diferentes , Pedro Costa com a sua alargada cultura geral , The Economist com a sua análise e consequente comentário por vezes frio , mas normalmente certeiro , Francisco com a sua veia crítica e opiniões por vezes fora do comum mas que nos fazem pensar , Martinho com um sentido humano , uma preocupação pelo outro e dedicação muito acima da média e eu que penso poder afirmar que me destaco pela opinião mais humilde e sendo dos mais jovens um dos que tem mais vontade de aprender.
Desejo as boas vindas aos leitores e por favor não deixem este projecto morrer.
Pensamento ou falta dele....
Em relação ao tema que invariavelmente emergiu em discussão, (como seria de esperar, visto que é mesmo esse o propósito deste blog), tenho também alguns comentários a tecer.
Para melhor vos mostrar o meu ponto de vista, quero-vos recordar de uma entrevista publicada em duas revistas nacionais à três semanas atrás (salvo erro), entrevistas de capa que se apresentavam como a viagem ao mundo do consumo de drogas entre os adolescentes.
Esta entrevista mostrava-nos adolescentes que, em alguns casos, consumiam e traficavam drogas desde os 11 anos. Não somente haxixe mas também todo outro tipo de drogas, consumindo quase todas as drogas conhecidas pela maioria das pessoas. Não podendo ser este exemplo minoritário representativo de toda a nossa faixa etária, e sabendo que tão pouco todos os adolescentes vivem como os exemplos mostrados nesta entrevista, podemos no entanto concluir que cada vez mais os jovens vivem na ânsia de uma vida alterada, sem preocupações, sem necessidade de pensar. Percebemos que estamos perante uma geração, que na sua maioria, desistiu de pensar, de querer saber, perdeu a curiosidade inerente a condição humana, excepto para a fofoquice e a diversão. Não digo de todo que estes não fazem parte da humanidade de cada um de nós, no entanto parece-me que chegamos a um ponto onde a nossa geração prefere a conversa de porteira a produção e discussão do saber, a palavra fácil e conhecimento gratuito em vez da aprendizagem pela jornada e pela conquista, a ignorância e estupidez no lugar da cultura e do conhecimento, a consciência alterada duma vida a substituir o realismo que nos permite tanto sofrer dolorosamente nos piores momentos como apreciar os momentos de felicidade com êxtase sem igual.
No entanto nós, e modéstia à parte, diferenciamo-nos por gostarmos de pensar, de discutir de duvidar e "de produzir cultura" como dizemos. Duvido que mentes ainda tão jovens consigam deixar uma marca desde já entre a sociedade, porém, se como disse The Economist conseguirmos pelo menos deixar os nossos amigos e colegas a pensar um bocadinho, já terá valido a pena.
Espero sinceramente que este não seja mais um dos nossos projectos falhados, de "vencidos da vida" que ainda podem deixar do ser, e com esse objectivo darei o meu contributo para manter este lugar de pensamento sempre tumultuoso, pois tumulto quer dizer discórdia, e a discórdia só existe enquanto pensamentos diferentes permanecem, e estes só permanecem enquanto alguém, como nós os PENSAR.
sexta-feira, 10 de abril de 2009
O nosso Mundo

Quando o Pedro Costa me convidou para participar neste blog, ideia que o próprio propaga há meses, fiquei reticente, achava que um blog não muda a opinião geral, ninguém o lê e que devem existir tantos por aí, iguais, que acabrão todos por cair no esquecimento.
Bem vindos
Muitas vezes ja ouvimos dizer que "hoje os miudos nao aprendem português", ou "hoje os miudos nao aprendemmatemática", isto pode também ser verdade, e sendo é indiscutivelmente grave, mas, mais grave que isso é a nossa geração (acima citada como "os miudos") nao ter aprendido a pensar, e portanto pensa pouco e mal ( e quando pensam, nunca é sobre nada mais intelectaualmente cativante que os morangos com açucar, ou uma outra qualquer telenovela). Digo que isto me parece mais grave porque, a nossa geração terá que ser o futuro do nosso país, não há volta a dar, é um questão biologica, e o que será de um país em que a população nao aprendeu a pensar ? Não pode ser, certamente, uma prodigiosa nação.
Como grupo de jovens preocupados ( e que, graças á falta de obrigações, caracteristica da nossa idade, tem tempo para qui escrever ) queremos debater as nossas opiniões, e usaremos este Blog como via para que tal aconteça, logo o que podem esperar de nós é simples: opiniões descomprometidas, gosto pelo debate e a irreverência que a nossa idade nos permite.
Resta-me apenas escrever, que o debate exige que os leitores comentem os posts, e que qualquer comentario sério será publicado e respondido, por um dos membro do blog.
Sem mais nada para dizer, despeço-me desejando as boas vindas a todos