domingo, 17 de maio de 2009

Portugal - Um país pequeno e sem intervenção no Mundo?

Geograficamente, Portugal é um país pequeno, que não pode competir em termos económicos com os E.U.A. , a China ou a India. No entanto, temos de admitir que, graças ao papel que desempenhou no passado, é dotado de capacidades que muitos outros países, gostariam de ter.

-Lusofonia

Actualmente, Portugal tem uma característica, que apenas países com um passado colonial possuem: o facto de partilhar a mesma língua com várias nações com as quais teve um trajecto comum -Brasil, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Do ponto de vista territorial e populacional, o espaço da lusofonia, representado pela Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa, consiste num mercado com uma dimensão de cerca de 11.000.000km² e que abrange uma população superior a 235 milhões de habitantes.
Muitos destes países encontram-se numa fase de pós-guerra, em que muita da sua capacidade produtiva, na maior parte herdada da fase colonial (hospitais, escolas, tribunais,fábricas, explorações agro-pecuárias, aeroportos, etc..) foi destruída.
Portugal, ao partilhar a mesma língua e o conhecimento de realidades regionais, encontra-se numa posição priveligiada para se assumir como um parceiro importante na reconstrução e no desenvolvimento destes países. As consequências desta cooperação poderão traduzir-se em vantagens bilaterais: estímulo ao desenvolvimento do nosso país, através da abertura de novos mercados que servirão de escoamento das nossas exportações, e o aproveitamento dos nossos recursos humanos e técnicos para a edificação de infra-estruturas locais .
Deste modo, concluímos que Portugal tem a possibilidade de obter proveito e lucro ao investir nestes territórios. Porém, é necessário que assuma esse papel com alguma brevidade e com uma estratégia adequada, para que possa apresentar-se como uma alternativa vantajosa relativamente a outras potências.

-Aproveitamento da ZEE

Uma das condições geográficas favoráveis que Portugal tem, é a sua Zona Económica Exclusiva.
Ocupando uma área de 1.5 milhões de km², a ZEE de Portugal constitui uma fonte inesgotável para o sector das pescas e permitirá enventualmente a exploração de minérios e de energias fósseis como o petróleo e o gás. Esta área poderá ainda vir a ser aumentada para o dobro, como resultado da candidatura do país para expandir a sua plataforma continental. Como consequência desta aprovação, o país obterá o acréscimo da sua jurisdição sobre os fundos marinhos, quer animais, quer minerais, excluindo no entanto, os recursos relativos à coluna de água correspondente. Estudos apontam já, que se conseguir aproveitar a sua nova ZEE, poderá vir a ter uma variação positiva de 11% no PIB.
Portugal deve por isso estimular o estudo e esperar que a sua ZEE seja alargada, pelo facto de esta constituir uma oportunidade única para o seu desenvolvimento.


-Presença na União Europeia

A adesão de Portugal à União Europeia, em 1986, constituiu um dos marcos da sua história, pois permitiu a atribuição de fundos que foram responsáveis pelo grande desenvolvimento que se deu na década de 90.
Além de ter sido favorecido monetariamente, o nosso país integrou-se no mercado europeu, passou a possuir o euro como moeda e tem beneficiado de políticas comuns ao nível da agricultura, justiça, saúde, etc... Todos estes factos, contribuiram para que Portugal atingisse alguma estabilidade financeira, e possibilitaram o seu desenvolvimento, como já referi anteriormente. Permitiram ainda, ao país suportar as crises de uma forma menos negativa, como aquela que estamos a viver actualmente. Um dos papéis, que o nosso país poderá vir ainda desempenhar, será o de mediador das relações da União Europeia com o espaço da lusofonia. Deste modo, é através da União Europeia que Portugal, apesar de ser um país pequeno, faz parte de uma realidade mais alargada, com uma identidade politica, cultural e económica e em cujo desenvolvimento participa activamente.


A conclusão que se pode retirar, é que Portugal, apesar de ter um território de aproximadamente 90 000 km², tem todas as condições necessárias para se tornar num país próspero, desenvolvido e que proporcione uma boa qualidade de vida aos seus habitantes.

2 comentários:

  1. Tens toda a razão sobre a os países de língua portuguesa, são mercados crescentes, que necessitam de quadros superiores, formação e produtos industriais de ponta (que não possuem capacidade de produzir).

    No entanto, Portugal não pode fornecer isto com o actual estado político destes países, pois com ditaduras estes mercados não têm interesse para o país. Assim, temos que tentar remediar o mal que fizemos as estes povos na descolonização não dando apoio aos actuais governos. Falo principalmente do caso de Angola e da Guiné, os países mais afectados pela má descolonização.

    Quanto aos aproveitamento da ZEE e a integração no mercado europeu tenho que estar 100% de acordo.

    Parece-me no entanto que te esqueceste de referir um factor importante para o desenvolvimento económico e o aumento da importância deste pequeno país no mundo: a sua posição geográfica. Portugal está colocado entre África, a América e a Europa. Como tal, pode ser fundamental ao nível dos transportes e das importações para a União Europeia.

    Para atingir este potencial geográfico, Portugal terá que apostar em equipamentos e infra-estruturas de transportes. Neste ponto é fundamental a construção de um porto em Lisboa e talvez de um outro em Silves (os dois locais em Portugal que permitem construir portos de águas fundas), a construção de um novo aeroporto com maior capacidade de transporte de pessoas e mercadorias e, apesar de menos consensual, a ligação de Portugal ao centro da Europa por TGV.

    p.s-Bom primeiro texto Bandarra, obrigado por teres aceite o nosso convite

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  2. Eticamente, concordo contigo quando dizes que alguns estados não deveriam fazer parte do grupo de parceiros de Portugal.
    Porém, no nível político e económico, é difícil aplicar o mesmo pensamento.
    Um exemplo que melhor ilustra esta situação é a China , um dos países a que todo o Mundo se teve de ajoelhar e que é bem conhecida pelas falhas nos direitos humanos. O seu potencial económico é tão grande, que todos os países e as multinacionais querem ter boas relações com ela. Além do mais, a China pertence ao Conselho de Segurança da ONU.
    Em suma, concordo contigo moralmente, como disse anteriomente, mas se Portugal quer ter sucesso no exterior, terá de jogar as regras do jogo.

    Em relação à posição geográfica de Portugal, partilho a mesma opinião: localiza-se no meio da Europa, África e América e como tal poderá funcionar, não como periferia como muitas vezes aconteceu, mas sim como ponte entre estes três continentes.

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