As cidades, desde que assim se podem chamar, fomentam o crime. São locais de oportunidade, e como qualquer outra cidade, as portuguesas oferecem também este tipo de oportunidades.
A criminalidade nas cidades, visto serem grandes centros populacionais, já é um dado adquirido. O que me preocupa no entanto, não e o crime em si, é o facto das pessoas vitimadas não acreditarem ou reportarem nada às autoridades, e o facto, daqueles que assistem a tais coisas reagirem de forma tão pouco (ou nada) activa, quando, claro está, podem de facto fazer alguma coisa.
As razoes desta apatia (pelo menos as que encontro) preocupam-me. Percebo uma: o Medo. Medo de represálias, medo de confrontações, ou simples cobardia. No entanto o medo e uma simples emoção, uma emoção um tanto debilitante, mas que todos conseguimos, se quisermos, controlar (ou hoje ainda teríamos medo do escuro).
Não servindo esta razão de desculpa alguma, penso que o principal motivo desta ausência de acção, desta inércia e impassibilidade é o facto da garra do povo português, do seu espírito empreendedor que em tempos teve (ex: Descobrimentos), foi-se substituindo ao longo dos tempos por uma mentalidade que se designa como "deixa andar". Este sentimento, esta atitude, tem-se cada vez mais vindo a incrustar na sociedade portuguesa. Neste exemplo da criminalidade vemos bem isso, enquanto for o outro a ser assaltado, finjo que não vejo, se depois me vir assaltar a mim...Ai já penso que os outros me deviam ajudar... É o mesmo em todo o lado, toda a gente se queixa da crise, mas são "meia dúzia" aqueles que comparecem as manifestações. "Outros que resolvam os problemas", pensam os que ficam em casa a tirar folga.
O simples propósito de sociedade, o propósito pelo qual nos formámos tribos e posteriormente sociedades está-se a perder em cada pessoa: Ajudarmo-nos uns aos outros. É este o fundamento das colónias em animais, e deveria ser também o das nossas sociedades.
Não o é, e vejo que cada vez mais a sociedade se torna um simples conjuntos de seres que coexistem no mesmo espaço, se toleram, e se usam. Ao contrário de seres que interagem no mesmo espaço, se reconhecem e se ajudam.
Recorrendo a analogia bíblica em que se diz, que enquanto um galho fino e pequeno, sozinho e frágil, vários galhos juntos são robustos e fortes.
Esta mentalidade enfraquece-nos, e só temos a ganhar em unirmo-nos. Esta atitude tem que ser urgentemente alterada, por mim faço a minha parte, e simplesmente não entendo a inércia de alguns perante quer os desajustes sociais, que a falta de assistência de uns em relação aos outros, e principalmente em casos de criminalidade, em que podemos ser os próximos.
quarta-feira, 20 de maio de 2009
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Este foi dos teus textos aquele que gostei mais de ler , e concocrdo com o que dizes e dou-te razão.
ResponderEliminarTodos nós deviamos mudar a nossa atitude impessoal de só nos darmos , ou ajudarmos alguém por aquilo que esse alguém tem para nos oferecer.
Parabéns pelo bom texto
Acho que misturas no teu texto duas coisas : Falta de garra, passividade em relação à vida e cobardia, ou falta de preocupação com os outros.
ResponderEliminarQuanto à primeiro é verdade que existe uma falta de garra por parte do povo português. Somos um povo com medo do risco, que prefere ficar em casa a ir à luta e que mesmo quando vai à luta pensa logo que esta está perdida.
No entanto parece-me que o caso da insegurança não é um bom exemplo. É óbvio que não devemos ignorar, mas também nao vale a pena andarmos aí todos armados em heróis e arriscar-nos a levar uma facada ou um tiro. Afinal é a policia que é paga para defender os cidadãos.
Entendeste-me mal quando eu dei o exemplo da criminalidade. Nao estou a dizer para saltares em cima dos ladroes, mas para, no caso de assistires a tal acto, chamares a policia. Como disseste e para isso que ela serve...
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