sábado, 4 de julho de 2009

Eu te Amo Mundo Desenvolvido

À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica

Tenho febre e escrevo.

Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,

Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.

Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!

Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!

Em fúria fora e dentro de mim,

Por todos os meus nervos dissecados fora,

Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!

Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,

De vos ouvir demasiadamente de perto,

E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso

De expressão de todas as minhas sensações,

Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!

Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!

Ser completo como uma máquina!

Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo!

Poder ao menos penetrar-me fisicamente de tudo isto,

Rasgar-me todo, abrir-me completamente, tornar-me passento

A todos os perfumes de óleos e calores e carvões

Desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável!

Ó fazendas nas montras! Ó manequins! Ó últimos figurinos!

Ó artigos inúteis que toda a gente quer comprar!

Olá grandes armazéns com várias secções!

Olá anúncios eléctricos que vêm e estão e desaparecem!

Olá tudo com que hoje se constrói, com que hoje se é diferente de ontem!

Eh, cimento armado, beton de cimento, novos processos!

Progressos dos armamentos gloriosamente mortíferos!

Couraças, canhões, metralhadoras, submarinos, aeroplanos!

Amo-vos a todos, a tudo, como uma fera.

Amo-vos carnivoramente.

Pervertidamente e enroscando a minha vista

Em vós, ó coisas grandes, banais, úteis, inúteis,

Ó coisas todas modernas,

Ó minhas contemporâneas, forma actual e próxima

Do sistema imediato do Universo!

Nova Revelação metálica e dinâmica de Deus!

Eu podia morrer triturado por um motor

Com o sentimento de deliciosa entrega duma mulher possuída.

Atirem-me para dentro das fornalhas!

Metam-me debaixo dos comboios!

Espanquem-me a bordo de navios!

Masoquismo através de maquinismos!

Sadismo de não sei quê moderno e eu e barulho!

Que importa tudo isto, mas que importa tudo isto

Ao fúlgido e rubro ruído contemporâneo,

Ao ruído cruel e delicioso da civilização de hoje?



Tudo isso apaga tudo, salvo o Momento,

O Momento de tronco nu e quente como um fogueiro,

O Momento estridentemente ruidoso e mecânico,

O Momento dinâmico passagem de todas as bacantes

Do ferro e do bronze e da bebedeira dos metais.

Eia! eia! eia!

Eia electricidade, nervos doentes da Matéria!

Eia telegrafia-sem-fios, simpatia metálica do Inconsciente!

Eia túneis, eia canais, Panamá, Kiel, Suez!

Eia todo o passado dentro do presente!

Eia todo o futuro já dentro de nós! eia!

Eia! eia! eia!

Frutos de ferro e útil da árvore-fábrica cosmopolita!

Eia! eia! eia! eia-hô-ô-ô!

Nem sei que existo para dentro. Giro, rodeio, engenho-me.

Engatam-me em todos os comboios.

Içam-me em todos os cais.

Giro dentro das hélices de todos os navios.

Eia! sou o calor mecânico e a electricidade!

Eia! e os rails e as casas de máquinas e a Europa!

Eia e hurrah por mim-tudo e tudo, máquinas a trabalhar, eia!


Álvaro de Campos

terça-feira, 26 de maio de 2009

Felizmente há Manuela!


Manuela Moura Guedes com espaço de luxo na grelha de Eduardo Moniz.

Nestes últimos tempos a aspirante a cantora transformada em jornalista, Manuela Moura Guedes tem sido estranhamente julgada pela sua forma de jornalismo. Após o número suficiente de plásticas para a deixar sem qualquer expressão que se assimile a um ser humano, a mulher do Director da Estação televisiva TVI conseguiu a partir do seu trabalho, um enorme reconhecimento profissional ao lhe ter ser atribuído uma edição especial do jornal de sexta-feira à noite.

Desde sempre este telejornal tem dado que falar pois tem mais processos em tribunal do que telespectadores, que apesar de tudo, não tem sido poucos. Este programa fala de diversos temas importantes para a sociedade portuguesa e choca qualquer um com as suas estatísticas. É precisamente à sexta-feira à noite que qualquer pessoa pode ver este telejornal em directo e sentir-se mal por viver em Portugal, sentir-se envergonhado e deprimido com o pais por causa das reportagens que a TVI produz.

Muitos podem querer comparar o ridículo e degradante jornalismo de Manuela moura Guedes ao de Clara de Sousa, pivot na Sic, contudo esta última não partilha a mesma cama que patrão o que, apesar de muito, lhe limita bastante a estupidez. Manuela moura Guedes foi acusada de atacar constantemente o primeiro-ministro no seu telejornal, mas nesse assunto se calhar a pobre jornalista não terá culpa, é extremamente difícil manter o “Engenheiro” José Sócrates fora de escândalos.

A questão que aqui se põe é sobre o estado do jornalismo em Portugal, “Felizmente há Manuela” porque ela mal e porcamente expõe os escândalos do pais e tem coragem para fazer aquilo que muitos jornalistas não fazem por medo ou “Felizmente há Manuela” para que todos vejam o quão ridículo e degradante a peixeirada no jornalismo é, e o quão ela leva a rigorosamente nada a sem ser vergonha pública?

quarta-feira, 20 de maio de 2009

E Tudo Falha. Será?

E tudo falha - e todos falham - porque o solo português, o solo moral e solo físico, não permite que nada de nobre ou elevado triunfe. É esta a nossa lusitana mentalidade.


Esta tão comum ideia de que nós portugueses seremos sempre os piores, os últimos, é de facto o nosso pior inimigo. Temos o prazer de escarnecer de nós próprios com os “nomes mais ridículos e com o desdém mais burlesco” citando Eça. Perdemo-nos. Resta-nos apenas morrer rindo dolorosamente de nós próprios. Mas será que este fatalismo é tão forte que nos obriga a desistir, e que corta qualquer acção em prol da nossa prosperidade? Será que este fatalismo é inultrapassável?


Ninguém está condenado à partida a não ser que assim o pense, e é importante que não o esqueçamos. Temos de nos insurgir perante esta doente apatia portuguesa. Não precisamos de nos limitar a copiar o que vemos lá fora. Também somos férteis em ideias. Também nós portugueses podemos ser exemplo para outros.


Não devemos deixar que as nossas acções se contagiem por esta inércia devastadora. Substituamos a fatalidade por esperança, a troça de nós próprios por orgulho e a inércia por iniciativa. Só assim deixaremos de ser “ uma jangada de pedra no Atlântico plantada ” e passaremos a ser “ um transatlântico fugaz e dinâmico”.


Todos somos culpados do estado ao qual chegámos, e é de nós que tem de partir a solução. Chega de atribuir culpas aos outros. Comecemos à procura duma solução.
Somos como terra fértil à espera de ser regada, e a água somos nós.


E tudo falha? Só se nós assim quisermos.

Deixa andar...

As cidades, desde que assim se podem chamar, fomentam o crime. São locais de oportunidade, e como qualquer outra cidade, as portuguesas oferecem também este tipo de oportunidades.
A criminalidade nas cidades, visto serem grandes centros populacionais, já é um dado adquirido. O que me preocupa no entanto, não e o crime em si, é o facto das pessoas vitimadas não acreditarem ou reportarem nada às autoridades, e o facto, daqueles que assistem a tais coisas reagirem de forma tão pouco (ou nada) activa, quando, claro está, podem de facto fazer alguma coisa.

As razoes desta apatia (pelo menos as que encontro) preocupam-me. Percebo uma: o Medo. Medo de represálias, medo de confrontações, ou simples cobardia. No entanto o medo e uma simples emoção, uma emoção um tanto debilitante, mas que todos conseguimos, se quisermos, controlar (ou hoje ainda teríamos medo do escuro).

Não servindo esta razão de desculpa alguma, penso que o principal motivo desta ausência de acção, desta inércia e impassibilidade é o facto da garra do povo português, do seu espírito empreendedor que em tempos teve (ex: Descobrimentos), foi-se substituindo ao longo dos tempos por uma mentalidade que se designa como "deixa andar". Este sentimento, esta atitude, tem-se cada vez mais vindo a incrustar na sociedade portuguesa. Neste exemplo da criminalidade vemos bem isso, enquanto for o outro a ser assaltado, finjo que não vejo, se depois me vir assaltar a mim...Ai já penso que os outros me deviam ajudar... É o mesmo em todo o lado, toda a gente se queixa da crise, mas são "meia dúzia" aqueles que comparecem as manifestações. "Outros que resolvam os problemas", pensam os que ficam em casa a tirar folga.

O simples propósito de sociedade, o propósito pelo qual nos formámos tribos e posteriormente sociedades está-se a perder em cada pessoa: Ajudarmo-nos uns aos outros. É este o fundamento das colónias em animais, e deveria ser também o das nossas sociedades.

Não o é, e vejo que cada vez mais a sociedade se torna um simples conjuntos de seres que coexistem no mesmo espaço, se toleram, e se usam. Ao contrário de seres que interagem no mesmo espaço, se reconhecem e se ajudam.
Recorrendo a analogia bíblica em que se diz, que enquanto um galho fino e pequeno, sozinho e frágil, vários galhos juntos são robustos e fortes.

Esta mentalidade enfraquece-nos, e só temos a ganhar em unirmo-nos. Esta atitude tem que ser urgentemente alterada, por mim faço a minha parte, e simplesmente não entendo a inércia de alguns perante quer os desajustes sociais, que a falta de assistência de uns em relação aos outros, e principalmente em casos de criminalidade, em que podemos ser os próximos.

domingo, 17 de maio de 2009

Portugal - Um país pequeno e sem intervenção no Mundo?

Geograficamente, Portugal é um país pequeno, que não pode competir em termos económicos com os E.U.A. , a China ou a India. No entanto, temos de admitir que, graças ao papel que desempenhou no passado, é dotado de capacidades que muitos outros países, gostariam de ter.

-Lusofonia

Actualmente, Portugal tem uma característica, que apenas países com um passado colonial possuem: o facto de partilhar a mesma língua com várias nações com as quais teve um trajecto comum -Brasil, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Do ponto de vista territorial e populacional, o espaço da lusofonia, representado pela Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa, consiste num mercado com uma dimensão de cerca de 11.000.000km² e que abrange uma população superior a 235 milhões de habitantes.
Muitos destes países encontram-se numa fase de pós-guerra, em que muita da sua capacidade produtiva, na maior parte herdada da fase colonial (hospitais, escolas, tribunais,fábricas, explorações agro-pecuárias, aeroportos, etc..) foi destruída.
Portugal, ao partilhar a mesma língua e o conhecimento de realidades regionais, encontra-se numa posição priveligiada para se assumir como um parceiro importante na reconstrução e no desenvolvimento destes países. As consequências desta cooperação poderão traduzir-se em vantagens bilaterais: estímulo ao desenvolvimento do nosso país, através da abertura de novos mercados que servirão de escoamento das nossas exportações, e o aproveitamento dos nossos recursos humanos e técnicos para a edificação de infra-estruturas locais .
Deste modo, concluímos que Portugal tem a possibilidade de obter proveito e lucro ao investir nestes territórios. Porém, é necessário que assuma esse papel com alguma brevidade e com uma estratégia adequada, para que possa apresentar-se como uma alternativa vantajosa relativamente a outras potências.

-Aproveitamento da ZEE

Uma das condições geográficas favoráveis que Portugal tem, é a sua Zona Económica Exclusiva.
Ocupando uma área de 1.5 milhões de km², a ZEE de Portugal constitui uma fonte inesgotável para o sector das pescas e permitirá enventualmente a exploração de minérios e de energias fósseis como o petróleo e o gás. Esta área poderá ainda vir a ser aumentada para o dobro, como resultado da candidatura do país para expandir a sua plataforma continental. Como consequência desta aprovação, o país obterá o acréscimo da sua jurisdição sobre os fundos marinhos, quer animais, quer minerais, excluindo no entanto, os recursos relativos à coluna de água correspondente. Estudos apontam já, que se conseguir aproveitar a sua nova ZEE, poderá vir a ter uma variação positiva de 11% no PIB.
Portugal deve por isso estimular o estudo e esperar que a sua ZEE seja alargada, pelo facto de esta constituir uma oportunidade única para o seu desenvolvimento.


-Presença na União Europeia

A adesão de Portugal à União Europeia, em 1986, constituiu um dos marcos da sua história, pois permitiu a atribuição de fundos que foram responsáveis pelo grande desenvolvimento que se deu na década de 90.
Além de ter sido favorecido monetariamente, o nosso país integrou-se no mercado europeu, passou a possuir o euro como moeda e tem beneficiado de políticas comuns ao nível da agricultura, justiça, saúde, etc... Todos estes factos, contribuiram para que Portugal atingisse alguma estabilidade financeira, e possibilitaram o seu desenvolvimento, como já referi anteriormente. Permitiram ainda, ao país suportar as crises de uma forma menos negativa, como aquela que estamos a viver actualmente. Um dos papéis, que o nosso país poderá vir ainda desempenhar, será o de mediador das relações da União Europeia com o espaço da lusofonia. Deste modo, é através da União Europeia que Portugal, apesar de ser um país pequeno, faz parte de uma realidade mais alargada, com uma identidade politica, cultural e económica e em cujo desenvolvimento participa activamente.


A conclusão que se pode retirar, é que Portugal, apesar de ter um território de aproximadamente 90 000 km², tem todas as condições necessárias para se tornar num país próspero, desenvolvido e que proporcione uma boa qualidade de vida aos seus habitantes.

Adeus e Obrigado...

Hoje, dia 17 de Maio de 2009, Luís Figo anunciou que não voltará a jogar futebol ao mais alto nível a partir do fim desta época (talvez fora da Europa, segundo o jogador). Vivemos, portanto, um momento histórico para a nossa geração : o momento da retirada do ultimo dos jogadores da selecção nacional com que nos introduzimos ao futebol.

Falo da geração que venceu os dois mundiais de sub-20 (em Riade e em Lisboa ), falo de Luís Figo, Rui Costa, João Vieira Pinto, Paulo Sousa e Fernando Couto. Mas esta geração não se esgota aqui, quando falamos dela temos também que falar de outros como Costinha, Pauleta, Vítor Baía e Sá Pinto. Com esta geração vivemos a qualificação do Mundial de 1998 (choramos a expulsão de Rui Costa frente á Alemanha, neste ano), atingimos um 4 lugar no europeu de 2000 na Alemanha, acompanhamos uma fabulosa qualificação para o mundial de 2002 ( e uma, menos boa, prestação neste mesmo mundial) e com os mais novos deste grupo fomos até uma final de campeonato europeu no estádio da Luz em 2004.

Por isto e pela forma como divulgaram o nosso país, com uma classe que não é partilhada pela actual selecção nacional, tenho aqui, nesta data que marca o seu fim, deixar aqui um obrigado ao Luís Figo em especial, mas também a toda esta geração de futebolistas que levou Portugal mais alto.

Assim a todos eles: Adeus e Obrigado...

sábado, 16 de maio de 2009

Onde a ignorância chega...

Sempre me fez confusão quando alguem se virava para mim e me contava uma daquelas piadas que toda a gente conhece e acha muita graça contar aos outros sobre qualquer raça, até eu infeliz e ingenuamente cometi esse erro(mas ingenuamente como ja disse).
É de facto triste no minimo o preconceito, mas é ainda mais triste esse mesmo preconceito passar de geração em geração atravez de piadas que podiam ter bem mais graça se nao mostrassem tanto da nossa ignorância...é mesmo o unico adjectivo que eu encontro para descrever essa atitude, se e que eu lhe posso chamar isso, ignorância.

Nao faz sentido o racismo em si, as pessoas queixam-se das outras raças, humilham-nas, dizem que causam desordem ou que são roubados na rua mas Nós é que os roubamos durante meio milenio, mas isso ja ninguém viu, é como nos jogos do porto, nunca ninguem ve nada.
Consideras-te "civilizado" quando es tu que exploras? So que Nós exploramos duma forma "civilizada", posso dizer "com maneiras", eles tentam á sua maneira,a que Nós chamamos violência. Estás a espera que essas raças "nao civilizadas", porque Tu nao deixaste, se comportem como tu devias? Tu tens e nao fazes por isso, eles nao têm e fazem por isso, nao te parece contraditorio? Acorda pa, comporta te como deves, aproveita o que tens e ajuda quem nao deixaste ter.

Queres ser respeitado, tens que respeitar. Somos todos irmãos, Só muda a a cor da pele. Nao e seres branco que faz de ti melhor, nao consegues compreender? Somos iguais e se te faz confusao tenta ver a cor da pele como uma caracteristica psicologica dessa pessoa, valoriza e nao critiques porque se calhar eles têm mais razão para o fazer do que tu.
Quem quiser comente